Quando a Águia Real, solitária, no pico mais alto de sua rocha, sente aproximar-se a morte, chama para junto de si seus filhotes, olha um a um no fundo dos olhos e lhes diz: “Eu os nutri e fiz crescer para que sejam capazes de fixar, a olho nu, o sol. Seus irmãos, que não suportaram esta visão, deixei-os morrer de fome. Vocês não, vocês são dignos de voar mais alto do que todos os demais pássaros. Estou para deixá-los, mas não morrerei em meu ninho. Voarei para o alto, até onde me levarem as asas. Lançar-me-ei em direção ao sol, o quanto me for dado. Seus raios de fogo queimarão minhas velhas penas e eu, então, me precipitarei sobre a terra e mergulharei nas impetuosas águas dum rio. Das águas, no entanto, ressurgirá meu espírito, pronto para recomeçar uma nova existência em cada um de vocês. A Águia Real não morre, enquanto tiver no ninho um Filhote Real”.
Tendo assim falado, a águia levanta vôo à vista de seus filhotes espantados. Voa em torno da rocha e segue em linha reta em direção ao profundo azul do céu, para queimar ao sol suas asas majestosas.
Filhos da Águia, grande e terrível é o vosso destino no mundo!
_Ninguém deve aceitar para si um destino pequeno, um caminho sem grandeza. Na verdade, pode não ser grande em realizações, mas pode ser admirável pela intensidade do que se faz. O poeta português Fernando Pessoa dizia: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”. O olho de águia que temos não pode lacrimejar, quando fixa o sol. O sol, talvez, queime nossas velhas penas, mas elas deixarão rastros de luz.
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