Conta-se que um velho professor, já ao final da vida, depois de anos e anos exercendo sua profissão com carinho e zelo, o que lhe valeu notoriedade na cidade e nos municípios vizinhos e uma família recheada de filhos e netos, além de uma esposa amorosa e dedicada, no final de sua vida, quando já não mais vivia – apenas sobrevivia, após receber a visita do médico que, amigo durante toda a sua vida, não quis lhe dar nenhum diagnóstico, preferindo, em separado, falar com a esposa e o filho mais velho.
Disse-lhes o médico que o pai e marido chegara a um estágio em que apenas poderia ser mantido vivo, sedado e artificialmente vivendo, isso com enormes sacrifícios. O filho, receoso de ter que dizer isso ao pai, relutou durante algum tempo, mas, finalmente, conhecedor da determinação e conduta de viver dele, optou por não esconder nada dele.
Após explanar-lhe que, para continuar vivendo, teria que ficar atrelado a alguns aparelhos. O pai, com a lentidão própria de quem já está morrendo e com a grandeza igualmente própria de quem já não duvida de seu destino, sussurrou com firmeza ao filho:
“Mas, assim, eu perco a dignidade!”
Uma grossa lágrima rolou-lhe pela face e o filho, compreendendo toda a grandeza daquele homem, disse ao médico que deixasse seu pai enfrentar a morte sem sedá-lo, conscientemente, como devem morrer os que não tiveram medo de viver.
Que a morte seja uma bênção e um derradeiro ato de dignidade, assim como foi a vida. Valeria muito a pena rezar todos os dias, antes de dormir, esta oração: “Jesus, para vós eu vivo. Jesus, para vós eu morro. Jesus, vosso sou, na vida e na morte. Amém!”
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