Num leito de hospital, aonde por mais de quatro meses vinha se definhando, apesar de toda assistência médica e da atenção do quadro de enfermeiras, um jovem aguardava ansioso a visita dos seus pais. Apesar de recebê-los com alguma freqüência, hoje seria um dia diferente, uma data muito especial.
Passados tantos anos de sua vida, frágil, de sempre contar com a proximidade de diversos médicos, de especialistas das mais diferentes áreas médicas, apesar de todo esforço, o mal que vinha sugando-lhe a vida não havia sido diagnosticado. Seus pais, embora tivessem disponibilizado todos os recursos para seu tratamento, cultivavam uma certa desesperança em relação a sua cura, e, como sempre, se dedicavam cada vez mais às suas atividades profissionais, aumentando ainda mais à distância entre eles, fazendo-os supor que a atenção médica seria suficiente para trazer alento ao jovem.
A pouco mais de dois dias o jovem, apesar de sua fala cansada e trêmula, encontrou forças para ditar para uma enfermeira uma carta desabafo. A enfermeira ouviu o relato do jovem e transformou-o num texto aos pais. Chegava assim o grande dia de um encontro com eles.
Naquela tarde seus pais não se atrasaram, conforme acontecia todos os dias em que o visitavam. Seu pai chegou, desta vez acompanhado da mãe, com quem vivia de aparências, e, após um breve diálogo com o médico responsável pelo atendimento do filho, correu para o quarto do jovem.
Debruçado ao lado do seu leito, consciente do quanto estivera distante daquele coração, chorou muito, pediu perdão ao filho e pode, mas do que com seus lábios, com sua alma, dizer ao filho o quanto o amava, num “Eu te amo” nunca antes dito. O filho, num derradeiro gesto, sorriu para o pai e para a mãe, que também se encontra junto ao leito, e disse num sopro de voz: “Você não sabe o quanto sonhei com este momento, com estas palavras suas, pai. Mas acho que, infelizmente, elas vieram tarde demais”. E morreu, com as mãos entrelaçadas a dos seus pais.
Depois de algum tempo, após diversos debates médicos, a equipe médica se deu por vencida e concluiu que o jovem morrera por falta de amor, por falta de ouvir um “Eu te amo!” de quem ele mais gostava – seus pais.
Esta história, embora triste, serve de alerta para todos nós, que às vezes temos tanta gente bem próxima, ávidas por ouvir também um “Eu te amo!”, e a gente, indiferente a nossa natureza humana, nos omitimos e nos calamos.
É necessário agora, mais do que nunca, dizer para quem se gosta o quanto se ama. São pais, filhos, irmãos, parentes e amigos, até vizinhos, que muito mais que nosso amor silencioso, precisam saber dele, experimentá-lo. Aproveite a oportunidade e viva intensamente o amor aos outros, identificando Jesus Cristo no próximo, às vezes mais próximo do que podemos supor.
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