Final de tarde, horário em que a maioria das escolas públicas estão “liberando” seus alunos, e normalmente o centro da cidade é “invadido” por aquele murmurinho e natural agitação dos jovens que, uns calmamente outros apressadamente, se dirigem de volta para suas casas.
Numa dessas idas e vindas daqueles que consideramos ser “o futuro de nossa humanidade”, vi uma menina, de pouco mais de oito anos, carregando com estrema dificuldade, nas costas, um menino que, embora fosse menor do que ela, era, digamos “meio gorducho”. O peso era tanto que a menina chegava a estar meio envergada.
Observei aqui tudo, mudo, sem entender o porquê de tanto sacrifício, até que alguém, quebrando o silêncio, disse para ela: “Menina, deixa o neném no chão; ele é pesado demais pra você”. A pequena menina (no tamanho, pois sua resposta foi de alguém que é gigante em experiência de vida), tentando levantar sua cabecinha para aquela pessoa, disse para ele (e porque não dizer, para mim também): “ele não é pesado não; ele é meu irmão”.
Foi um dos momentos mais marcantes para mim, um momento que não demorou mais de meio minuto, mas que certamente mudou toda a minha vida. Compreendi, naquela pequena criatura, que, para quem ama, o peso não pesa. O amor torna forte a nossa fraqueza.
Obrigado, anônima jovem. Te agradeço por todos nós; eu, que pude “aprender” tanto com teu gesto e tuas sábias palavras, e pelo leitor deste Coluna, que certamente muito terá sua vida mudada após uma reflexão deste “pequeno grande” gesto, espontâneo e sincero, cheio de verdadeira e sábia humanidade.
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