Essa semana comecei a lembrar do filme "O Show de Truman". Apesar de não recordar dos detalhes, consegui resgatar na memória algumas coisas... e me deu até vontade de revê-lo por isso.
O filme acaba no momento em que ele sai da cúpula onde viveu a vida inteira, enganado por todos ao seu redor, numa trama que conseguiu segurá-lo até aquele momento naquele mundo de fantasia.
Naquela cúpula ele cresceu, viveu, estudou, conheceu sua esposa, filhos, tinha emprego, alimentação... nada lhe faltava e tudo que uma pessoa espera ter, ele tinha. Mas algo ainda o incomodava.
Por mais que ele achasse que fazia suas escolhas, todos os seus passos eram decididos pelos diretores do programa para ele - incluindo, a própria esposa.
Todo o enredo criado pelos autores do reality show conseguia segurá-lo naquela cidade pelos medos que foram gerados nele, que o fazia se conformar em viver naquela clausura. Mesmo assim nunca perdeu a inquietação no seu coração de que havia algo além daquele mar... algo além daquela estrada. Um mundo que havia sido negado a ele.
Algumas vezes ele até tentou sair, mas a cada tentativa uma nova tragédia o traumatizava ainda mais, com a ajuda das palavras de desencorajamento dos que viviam ao seu redor.
Então, entre os telespectadores, começou a surgir aqueles que torciam por sua liberdade. Mas também havia os que diziam: "Qual o problema nisso? Qual o problema de manter o Truman ali dentro? Afinal, ele é feliz, tem o que quer... emprego, família, casa, "amigos"... não vejo problema algum".
Conforme algumas coisas estranhas iam acontecendo, que para sua percepção ia sendo revelada uma possível farsa, essa inquietação cresceu de tal maneira que ele não poderia continuar vivendo ali sem arriscar e ir atrás da verdade.
Nisso, contra todas as dificuldades ele finalmente conseguiu chegar a saída daquela redoma, no fim do mar que todos lhe diziam ser intransponível. Mas ali, diante da revelação, o que será que passou por sua cabeça? O que antes era apenas uma desconfiança, se provou real.
Truman viveu numa "prisão" física, no mundinho inventado para ele, mas não raramente há vários outros mundinhos onde fisicamente a pessoa pode até estar livre, mas sua consciência está tão presa quanto Truman.
Quando os "Truman´s de consciência" descobrem a saída da cúpula onde viveram, o que esperar deles? Mágoa pelo tempo de engano ou felicidade pela nova revelação?
O filme não mostra o que acontece depois da libertação de Truman nem sua postura depois de livre, mas optar pela mágoa só o tornaria um fisicamente livre, porém, com o coração ainda
dentro da redoma. E pelo que tenho sentido, essa é a escolha da maioria.
Como Paulo escreveu aos Gálatas: "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão."
De um "Truman" para outros...
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